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A missão da empresa para além do quadro pendurado na copa

Conforme os anos passam e cada um vai alterando um pouco, a missão inicial se perde com o tempo

Toda empresa tem a sua missão, o porquê de ter nascido, de fazer determinada coisa, de resolver determinado problema. O propósito da organização nada mais é do que essa missão. O problema está nas organizações estabelecidas há mais tempo, especialmente as grandes, que não têm sua missão bem compreendida pelos colaboradores, a ponto de não conseguirem materializar esse propósito diariamente.

É preciso sair do etéreo, que é aquilo que o fundador idealizou quando criou a companhia originalmente, que escreveu como missão - talvez você encontre pendurado em um quadro na copa. Conforme os anos passam e cada um vai alterando um pouco, a missão inicial se perde com o tempo. Quando o fundador instituiu o propósito, ele sabia o que significava, os que vieram depois não tinham a mesma compreensão dessa missão.

A chave para o sucesso é conseguir conectar a missão da empresa à missão das pessoas no dia a dia. Os OKRs - Objectives and Key Results (Objetivos e Resultados Chaves) -, são capazes de fazer isso muito bem. A ferramenta pode ser a materialização da missão da empresa, quando aplicada de forma adequada. Caso contrário, a ideia inicial vai se perdendo à medida que você desce na estrutura hierárquica: gerência, coordenação, analistas, entre outros.

O OKR é o elo entre a estratégia e os colaboradores, fazendo essa conexão. É como se fosse o corpo humano, um órgão mandando um sinal para os outros órgãos e eles reagindo. Os OKRs são esse sistema que, constantemente, trazem a estratégia para as ações diárias, para aquilo que as pessoas precisam fazer, seja entregar a operação, seja a transformação. E aí que você transmite o propósito da empresa, por meio das metas para os colaboradores.

Quando as empresas usam os OKRs fica tudo mais claro, porque no O (Objetivo) está a narrativa do propósito para aquele time. Cada organização pode ter mais de um OKR, cada um narrando um objetivo, uma meta. Em suma, o O, de OKRs, compreende o propósito como um todo. Você une o propósito da empresa para o trimestre/ano com o propósito de cada área/time ou colaborador.

Porém, o cuidado está justamente em fazer chegar o propósito das empresas, via os OKRs, a todos os integrantes da equipe. É necessário evitar o que chamamos de “telefone sem fio”, que é quando o diretor passa para o gerente, mas já não o faz de maneira assertiva. O gerente, por sua vez, é ainda menos assertivo ao comunicar o propósito à equipe, e assim tudo vira uma enorme bola de neve.

Você deve estar se perguntando: como fazer dar certo então? A resposta está na redução dos canais de comunicação. É possível fazer isso em todas as empresas? Ouso dizer que sim, conceitualmente faz sentido. Já participei de reuniões com diretores, gerentes sêniores e analistas, que ouviam os direcionamentos do CEO. Isso faz com que o engajamento dessas pessoas seja maior, pois elas têm muito mais clareza da direção a seguir, pois ouviram a mensagem da mesma fonte.

Ou seja, você simplifica os canais de comunicação e os comunica com os OKRs, de forma constante, por isso a necessidade da disciplina de acompanhamento e a transparência, que são princípios da ferramenta. O problema de algumas organizações é que a estratégia para no time executivo, distante dos colaboradores, mas OKRs bem feitos são produzidos com o time ou ainda, pelo time.

Neste sentido, resolvi elencar 3 formas que os OKRs ajudam a aproximar o propósito da empresa dos colaboradores:

  1. A transparência da comunicação dos OKRs deixa claro para todos o propósito da empresa e o propósito dos times;
  2. A narrativa do O (Objetivo) tem que ser tão simples quanto pedir uma média com um pão na chapa;
  3. O processo bottom up engaja os colaboradores na construção do propósito dos seus times para entregar a estratégia.

Vale destacar que nos tempos atuais, acompanhamos o surgimento constante de startups, que nascem com um propósito, com o sentimento de resolver algum problema. Esse propósito, assim como o de todo tipo de companhia, pode ser alterado, pode evoluir ao longo da rota. O fato é que o propósito não pode mudar pela perda de informações, mas pode ser sim ajustado ao longo do tempo.

*O conteúdo dos artigos são de responsabilidade do autor ou sua assessoria de imprensa e não representam necessariamente a opinião do Contadores.cnt.

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